Chapter Capítulo 273
Capítulo 273 – Presente de Cora
3(ª) Pessoa
Cora quase para quando voa para o quarto de hospital de Ella. “O quê?”, ela suspira. “O que é isso – ela é -“
Mas Sinclair está parado ao lado da cama de Ella, com as mãos enfiadas nos bolsos, olhando para a porta como se estivesse esperando por ela. Cora reprime as palavras, sabendo que se Ella tivesse… bem, Sinclair não estaria apenas parado. Ele estaria destruindo o mundo em pedaços.
Cora respira fundo, seus olhos descendo para sua irmã na cama. Deus, ela parece tão fracassada só deitada ali, conectada a todas aquelas máquinas. Sua irmã apaixonada, tão cheia de vida, parece um passarinho amassado naquela cama…
“Ela está bem,” Sinclair responde, trazendo os olhos de Cora de volta para ele. Roger entra na sala também e os olhos de Sinclair se voltam para ele, um pouco surpreso. Afinal, ele não ligou para Roger, mas para Cora. Aparentemente, eles estavam juntos.
Sinclair não se permitiu pensar no porquê. Ele não se importou. Sua atenção volta apenas para Cora. “Devolva para ela,” Sinclair exige, sua voz calma e controlada. “O que?” Cora pergunta, endireitando-se. “Devolver o que? Eu não peguei nada -”
“O que está acontecendo, Dominic?” Roger pergunta, parando na frente de Cora, percebendo que seu irmão está preocupado com alguma coisa. “Nos digam. Precisamos entender.”
Frustrado por não ter sido obedecido imediatamente, Sinclair respira fundo e se fortalece, tentando colocar paciência em seu corpo, mesmo que ele esteja completamente esgotado. Ele só quer que isso seja feito. Quer ela de volta.
“Eu a conheci”, diz Sinclair, trabalhando para resumir as últimas horas o mais rápido possível. “No estado de sonho. Ela estava lá com… com Rafe. O rosto de Cora se ilumina com a notícia e ela abre a boca para fazer mil perguntas, mas Sinclair continua. “Ella tem um espírito forte, mas o médico diz que seu corpo está muito fraco. Que ela precisaria de um presente da Deusa para curá-la agora.” Seus olhos se movem para Cora, com raiva. “Que você tirou dela.”
A boca de Cora se abre com sua acusação e uma mão voa para seu peito. “Sinclair”, ela respira, “eu nunca – ela me deu – eu precisava.
“Eu não me importo,” ele interrompe, sua voz aumentando agora. “Você pegou e agora tem que devolver.” Ele dá um passo em direção a ela agora, como se fosse arrancá-lo de seu corpo se isso salvasse sua companheira.
“Calma”, Roger avisa, dando um passo mais perto de seu irmão. “Calma, Dominic. Nós ouvimos você. Você tem razão, ok? Apenas… deixe Cora pensar.
Os irmãos então se voltam para Cora, fixando-a sob seu olhar duplo. Sua respiração fica mais rápida enquanto ela rapidamente organiza seus pensamentos. Isso é culpa dela? Ela fez isso com Ella ao pegar o presente? Ela era a razão pela qual sua irmã morreria?
“Cora,” Roger diz cuidadosamente. “O que você acha?”
“Hum,” ela murmura, seus olhos desfocados enquanto ela olha para o chão, tentando juntar as peças. “Não sei? Eu não quis dizer… eu não quis dizer isso? Mas ele pode estar certo? Quando peguei o presente dela, foi quando ela desmaiou…”
“Bem”, diz Roger, esforçando-se para manter a energia da sala calma, sentindo-se como se estivesse caminhando em um campo minado que pode explodir a qualquer minuto. “Você pode devolver?”
“Pode talvez?” Cora responde, erguendo os olhos e olhando entre os irmãos. “Mas isso será bom para ela? Ela não conseguia, ela não conseguia segurar tudo, quando estava fraca…
Sinclair começa a rosnar e Cora se afasta, oprimida.
“Chega”, Roger responde, olhando para seu irmão e apontando para Cora. “Você não vê que ela está tentando? Que nada disso é culpa dela? Ela está tentando ajudar – deixe-a ajudar, se puder.” Sinclair luta visivelmente contra seus instintos para forçar Cora a cumprir suas ordens, para salvar sua companheira. Mas Roger está certo – aterrorizar a garota não ajuda, então ele se força a dar dois passos para trás, para retornar ao seu lugar perto da cabeça de Ella.
Cora relaxa um pouco enquanto Sinclair recua. Ela olha entre os irmãos, hesitando. “Tem certeza que quer que eu tente isso? Mesmo que isso pudesse… machucá-la?
Roger olha por cima do ombro para a porta aberta. “Você quer que eu chame o médico e pergunte?”
“Não,” Sinclair responde. “Ele fez tudo que podia. Ele está fora disso agora. Isso é entre nós. Entre… vocês dois. Dizer isso o mata, admitir – mesmo que tacitamente – que não há mais nada que ele próprio possa fazer. Que isso agora é entre as irmãs, e o melhor que ele pode fazer é assistir. “Faça isso.”
Cora ainda hesita e se surpreende quando Rafe chega ao seu lado e pega sua mão. “Temos que tentar”, ele murmura. Quando ela olha para ele, fica ainda mais chocada ao ver que seus olhos estão cheios de esperança. “Acho que ele está certo, Cora. Faz sentido. E é um presente – não acho que possa machucá-la.” Os lábios de Cora começam a tremer enquanto ela pensa sobre isso – as consequências horríveis, terríveis que isso poderia ter se desse errado. Mas Roger sustenta o olhar dela, apertando ainda mais sua mão, dando-lhe a força que ela precisa, a coragem.
“Tudo bem,” Cora sussurra, balançando a cabeça uma vez e movendo-se rapidamente para o lado da cama de Ella, pegando a mão de sua irmã. “Hum,” ela diz, olhando em volta. “Posso pegar uma cadeira?”
Roger rapidamente se move para trazer um para ela do outro lado da sala, ajudando-a a se acomodar. Enquanto ele se afasta, Cora dobra as pernas sob o corpo para ficar sentada com as pernas cruzadas, como estava naquela noite no deserto com Ella e Reina. Sinclair não faz nenhum movimento, permanecendo estoicamente ao lado de sua companheira, observando tudo.
Cora dá um sorriso trêmulo para ambos e então, respirando fundo, fecha os olhos. Ela assistiu tudo o que Ella fez naquela noite no deserto. Tinha visto sua irmã cair mais profundamente em um estado de verdade, tinha visto ela fazer essa conexão com sua mãe, tinha visto ela ser preenchida com o dom da Deusa e começar a brilhar com ele. Cora não quis admitir na época, mas sentiu… bem, um pouco de ciúme. Era o ciúme de uma órfã por uma amiga que encontrou sua mãe, o ciúme de uma garota que estava começando a se sentir acompanhando enquanto sua melhor amiga encontrava seu companheiro, sua verdadeira identidade e sua vocação. Uma vida linda enquanto Cora tinha…
Bem, não nada. Mas não é isso. Então, ela estava com ciúmes – feliz por Ella, mas querendo um pedacinho disso para si também. E ela sentiu vergonha dessas emoções naquele momento, de sua inveja, e se sentiu… indigna de seu lugar naquela viagem sagrada ao deserto para comungar com a Deusa. Mas agora, depois de saber a verdade?
–
Cora sabia que tudo isso, a inveja, os sentimentos de inadequação – tudo estava na cabeça dela. Afinal, a Deusa também era sua mãe. E ela, Cora, uma humana, foi quem deu o presente ao mundo. Não havia razão para pensar que Ella pudesse fazer algo que ela não pudesse. Bem, exceto se transformar em lobo.
Mas Cora deixa esse pensamento de lado junto com o resto de suas dúvidas. Em vez disso, ela abraça a sua identidade e afunda – como viu Ella fazer – nesse estado mais profundo. E enquanto ela faz isso – à medida que a luz atrás de seus olhos desaparece do laranja para o verde, para um profundo e rico lilás e os sons dos dispositivos médicos da sala desaparecem no fundo – Cora encontra paz dentro de si mesma. E lá.
Ali, bem no centro, onde ela imagina estar seu coração, Cora o encontra. O presente, brilhante, esperando, não esgotado, mas infinito e pronto para ser dado à vontade. Cora avança em direção a ele, envolvendo-o com as mãos, sentindo-o pulsar com calor. Ao erguê-lo nas mãos, ela imagina que quase consegue ouvir a mãe falando com ela, cantando, incentivando-a a dá-lo.
Então ela faz. Cora abre os olhos para o mundo real e não fica nem um pouco surpresa ao ver o presente brilhando em suas mãos – uma coisa real, uma entidade verdadeira, iluminando a sala com seu calor. Cora sorri e depois olha para Roger, franzindo os lábios contra a risada ao vê-lo olhando para ela em estado de choque, com a boca aberta.
–
Mas quando seus olhos se movem para Sinclair, ela vê que ele não se mexeu. Que ele apenas olha para ela, exigindo cada fala dele. Ela acena para ele, concordando. Está na hora.
Então Cora simplesmente se levanta e dá dois passos para mais perto da irmã. Ela estende as mãos, apresentando o presente, inclinando-se para segurá-lo perto do coração de Ella.
“Eu te amo, irmã”, sussurra Cora. “É hora de você voltar atrás.” E não há dúvida em sua mente quando ela abre as mãos e gentilmente coloca o presente diretamente no centro do peito de Ella.